terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A música nunca foi tão repetitiva


Texto originalmente publicado na revista Superinteressante, Edição 313 - Dezembro/2012

Novo estudo comprova: os artista estão cada vez mais preguiçosos. Veja como (e por que) isso aconteceu. Texto de Eduardo Szklarz.

Eu quero tchu, eu quero tchá. Lê lê lê, lê lê lê. Tchetchereretetê. Você já teve a impressão de que as músicas estão ficando cada vez mais bobinhas - e mais parecidas? Não é mera impressão. Cientistas do Instituto de Pesquisa em Inteligência Artificial, na Espanha, analisaram 460 mil canções gravadas nos últimos 50 anos e concluíram: sim, a música está ficando mais repetitiva. Isso acontece porque os compositores  criam melodias cada vez mais parecidas e as gravações usam menos instrumentos.

Os pesquisadores chegaram a esse resultado usando um software que analisa a composição sonora das músicas. Mas por que a música está mais repetitiva, afinal? O estudo não apresenta uma explicação, mas os cientistas arriscam um palpite: preguiça dos compositores. "Mesmo usando menos recursos, eles são capazes de provocar emoções equivalentes às de 50 anos atrás", diz Joan Serrà. líder do estudo. Tchu, tchá, tchá, tchu, tchu, tchá.

Gosto não se discute mas... Como a música mudou nas últimas décadas - e como perceber isso.

Volume mais alto

O que aconteceu: Os músicos gravam num volume mais alto e constante. O objetivo é chamar a atenção do ouvinte (o que é cada vez mais difícil de conseguir).

Como perceber: Ouça gravações dos anos 60 e 70 e compare com atuais. As músicas de hoje soarão mais altas e com menos variações de volume.

Anos 60 e 70:



Atuais:


Menos Variações

O que aconteceu: As músicas tem menos notas e/ou melodia e arranjos mais simples.

Como perceber: Ouça três versões de Knocking on Heaven's Door: a original gravada por Bob Dylan (1973), e as versões dos Guns N' Roses (1990) e Avril Lavigne (2003). As gravações mais recentes têm menos elementos.





Sons repetidos

O que aconteceu: As músicas têm menos tons e texturas. Isso acontece porque as gravações são feitas com poucos instrumentos e técnicas bem parecidas.

Como perceber: Ouça Come Together (1969), dos Beatles, e compare com a versão gravada por Marylin Manson em 1995. Toda a sofisticação do quarteto inglês foi pelo ralo.



E você, concorda com tudo isso?

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